A Informática Biomédica e o interesse pela participação social no SUS: Relato de experiência

Pesquisa da FMRP põe em discussão a participação social no SUS, em defesa do direito à saúde para todos. Imagem em domínio público.

Pesquisa da FMRP propõe discussão sobre a participação social no SUS como estratégia de defesa do direito à saúde para todos. Imagem em domínio público.

O Sistema Único de Saúde é um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo, conquistado por luta popular, visando atenção equitativa à saúde, garantindo acesso integral, universal e gratuito para toda a população. Motivados pelas discussões sobre participação social, na Disciplina de Saúde Pública, estudantes de Informática Biomédica realizaram um levantamento acerca do conhecimento sobre o SUS e da participação da comunidade no sistema. O sentido maior desta iniciativa foi despertar a comunidade para a necessidade de formação de opinião mais fundamentada sobre o SUS, ratificando a participação social como via de defesa do direito constitucional à saúde.

Camila Aparecida Espécio, João Carlos Velho, Luana Domingos, Mariana Bianchi Marques, Mariana Bueno Rodrigues, Mikely Fernanda Saraiva da Silva, Fernanda Bergamini, Janise Braga Barros Ferreira

O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo, conquistado através da luta popular visando o acesso equitativo à saúde, abrangendo desde a promoção da saúde até o transplante de órgãos, garantindo acesso integral, universal e gratuito para toda a população do país. Os princípios que regem o SUS são de caráter organizativo e doutrinário, com destaque para a participação social, em que cada cidadão pode contribuir para formulação de políticas e interferir nas decisões no campo da saúde pública, principalmente no controle das ações de saúde.

Motivado pelas discussões sobre participação social no SUS, durante a Disciplina de Saúde Pública, um grupo de estudantes da Informática Biomédica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo realizou um levantamento acerca do conhecimento sobre o SUS e da participação da comunidade no sistema público de saúde.
Um questionário, também de cunho informativo, elaborado com o auxílio da ferramenta Formulário Google Drive, foi disponibilizado por meio de redes sociais (Facebook e o WhatsApp) e correio eletrônico, à familiares dos estudantes e colegas universitários, sendo respondido por 115 pessoas.

Dos respondentes 61% tinham ensino superior incompleto, 60% eram do sexo feminino e 67% com idade entre 15 a 24 anos. Dentre os respondentes, 99% sabiam o significado da sigla SUS. Do total, 66% informaram que raramente utilizavam os serviços do SUS, sendo que 55% possuíam convênio médico. Em relação à atitude quando um serviço de saúde não funciona a contento, 39% responderam que “ficam irritados e não fazem nada” e 38% que “reclamam com algum funcionário”.

Os respondentes entenderam participação social como utilização dos serviços de saúde do SUS, não se referindo ao controle social com uma prática responsável pela formulação e controle das políticas públicas no setor.
Dos respondentes, 52% não identificaram nenhum meio de participação social embora 69% tenham “ouvido falar” do Conselho de Saúde. O orçamento participativo foi apresentado aos participantes como ferramenta política capaz de viabilizar a participação da comunidade na aplicação do recurso público, inclusive o da saúde. Porém, 69% dos respondentes não sabiam da sua existência.

Aproximadamente 20% dos respondentes registraram uma perspectiva negativa do SUS: “(…) Os postos de saúde são deprimentes, sujos, cheirando mal, as pessoas não são tratadas de forma agradável, os atendentes e funcionários provavelmente não ganham bons salários (…)”. Já 30% demonstraram uma visão positiva: “(…) é uma ótima política pública, que muitos criticam sem tomar conhecimento do quão bom ele é, simplesmente por seguirem o senso comum de que nada público presta.”

Considerando que a maioria dos respondentes era jovem e não acompanhou a história dos 25 anos do SUS, 45% disseram que ele não avançou. Em contrapartida, 32% responderam que o SUS melhorou reconhecendo o processo histórico de sua construção.

Por fim, sobre a participação da sociedade no SUS, 58% responderam que há pouca participação: “(…) em relação à construção do SUS, a sociedade está muito passiva ao que é oferecido, não existe opinião pública suficiente para melhorar a qualidade”. Outros 9% entendem que “há pouca divulgação de como a população pode de fato participar.”
Esta experiência, por iniciativa dos estudantes, inseriu a temática SUS no meio familiar e entre discentes universitários, além de disseminar alguns conceitos sobre o sistema. O seu sentido maior foi o intuito de despertar a comunidade para a importância do conhecimento, discussão e formação de uma opinião mais fundamentada sobre o SUS, ratificando a participação social como via de defesa do direito constitucional à saúde, conquistado pelo povo brasileiro.

Para saber mais:
Conselho Nacional de Saúde


Para citar esse artigo:
Espécio CA, Velho JC, Domingos LB, Marques MB, Rodrigues MB, Silva MSF, Bergamini F, Ferreira JBB. A Informática Biomédica e o interesse pela participação social no SUS: Relato de experiência. RESC 2014 Ago;1(3):e24.